segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Fluxo documental da criação do deck


Mapear os processos  também significa mapear as origens da produção e do fluxo documental, e com esse conhecimento é possível otimizar ambos.

Define-se como processo o conjunto de atividades que transformam insumos em resultados específicos (MAXIMIANO, 2000). E os documentos arquivísticos tem a peculiaridade de serem instrumentos e produtos da ação, da atividade (CAMARGO, 2009). Mapear os processos, portanto, é mapear as origens da produção e do fluxo documental.

O mapeamento de processos consiste em construir uma representação do processo real, refletindo suas características com o nível ideal de detalhamento desejado. Tais representações permitem a explicitação do funcionamento do sistema, facilitando a identificação de falhas e sua otimização (ANJO, 2009).

E um dos processos mais difíceis para um jogador de TCG é elaborar seu deck. Há uma ampla quantidade de recursos que deve ser estruturada, refinada e testada até chegar num resultado satisfatório. Para representar esse processo, usaremos fluxogramas, de forma a focarmos na sequência e inter-relações entre as atividades e documento. 

Usamos o Bizagi para criar o fluxograma, e esse programa adota símbolos convencionais para identificar cada modelo no processo. Usamos uma "gambiarra" para representar os insumos.




O processo de criação do deck consiste em três fases: concepção, refinamento e consolidação, separadas por milestones no Bizagi. O fluxograma completo se encontra no link da postagem anterior e na imagem abaixo. É possível visualizar qualquer imagem nessa postagem em seu tamanho original ao clicar nela.



Caso você não tenha ou não queira usar o Bizagi, nós dividimos o processo nas três fases, uma vez que as dimensões da imagem dificultam a leitura.

Na concepção do deck é onde a estratégia é definida, bem como os cards que integrarão o deck. Decide-se aqui o que se quer no deck e o que ele irá fazer.


Durante o refinamento o deck será testado para verificar se corresponde aos objetivos propostos, isso é, vencer por determinada estratégia.


Finalmente, a consolidação do deck consiste na fixação de sua estrutura.


Agora que temos uma ideia geral do processo, que tal atermos aos detalhes dentro de cada atividade, e os documentos que passam por cada uma delas?


Há vários estilos de jogo e uma infinitude de gostos pessoais. Você pode gostar do Charmander, de goblins, de bater primeiro e perguntar depois; ou preferir o Bulbasaur, elfos e uma estratégia elaborada, impedindo seu oponente de fazer qualquer coisa enquanto você está no controle.

E apesar de nos apegamos aos nossos cards preferidos, pode haver uma certa influência do metagame, do que está em voga no momento. E um bom jogador deve sempre estar aberto a novas sugestões e críticas positivas.

Para quem está começando, a dica é adquirir um starter deck, um deck de iniciante, como o nome já diz. Ele contém energias/terrenos básicos, cards que seguem determinada estratégia e cards que não contribuem muito para a mesma. São lançando junto a expansões mas também podem conter cards de outras expansões do formato vigente. Na embalagem do starter deck sempre haverá a indicação das energias/terrenos básicos que ele contém.


E no TCG, são necessários determinados insumos para realizar as ações descritas nos cards. Temos os Terrenos (Magic) e as Energias (Pokémon), as quais devem corresponder aos tipos dos cards usados. Um Pokémon do tipo Fogo necessita de Energia de Fogo para atacar, e uma criatura vermelha precisa de mana vermelha para ser conjurada, mana essa que só é gerada por Terrenos do tipo Montanha.


E caso você queira mais opções na hora de montar o deck, é possível adquirir outros cards, por meio de boosters ou trocando/comprando de outros jogadores.

Com todos os cards em mãos, é hora de montar o deck! Na maioria dos formatos, um deck é composto por 60 cards. Durante esse processo, alguns jogadores optam por seguir determinada decklist,  copiando os elementos de um deck de sucesso (no metagame ou de outro jogador, por exemplo), ou mesmo montar a sua própria decklist. Como o nome já diz, uma decklist é uma listagem de todos os cards que integram o deck, discriminado o nome e quantidade. Starters decks já vem com sua decklist no verso da caixa.


2× Emboar
3× Pignite
4× Tepig
2× Simisear
3× Pansear
1× Darmanitan
4× Darumaka
2× Timburr
1× Stoutland
2× Herdier
3× Lillipup
1× Cinccino
2× Minccino
2× Energy Search
2× Switch
2× Energy Retrieval
2× Pokémon Communication
2× Professor Juniper
2× Revive
12× Fire Energy
6× Fighting Energy

Com o deck pronto, é hora de testá-lo na prática! Somente jogando contra outros jogadores é que será possível verificar se os cards cumprem sua função na execução da estratégia, e se a estratégia daquele deck realmente conduz à vitória.

E nessa parte é comum ver que o deck não está lá essas coisas que você imaginava. Depois de um número considerável de derrotas, você começa achar que seus cards são ruins ou que sua estratégia não funciona, ou então que seus oponentes são imbatíveis.

Mas não se desespere, para isso há solução! Se o deck não está rodando como deveria, é hora de parar para avaliá-lo. Avaliar sua estratégia, avaliar as funções dos cards e as estratégias a eles correspondestes. Algumas noções de Tipologia Documental podem fazer maravilhas pelo seu deck.

Para determinada estratégia funcionar é necessário diversas ações, e esses ações são realizadas pelos cards. Por exemplo, uma estratégia agressiva precisa de Pokémons/criaturas fortes para atacar, e que possam atacar logo nos primeiros turnos. Para poder atacar logo nos primeiros turnos, pode vir a calhar cards que busquem no deck exatamente esses atacantes e os recursos necessários para que eles ataquem.


Ao analisar os cards do deck, é possível identificas aqueles que são o cerne da estratégia, os que dão apoio a ela, e aqueles que estão totalmente destoantes do propósito do deck. A remoção dos cards que não contribuem para a estratégia do deck faz com que haja mais espaço para os cards realmente úteis. Por exemplo, cards desnecessários num deck agressivo são cards de cura e atacantes que causam pouco dano, a ideia é atacar forte e antes para impossibilitar retaliações.


Se a estratégia adversária está minando a sua, ao estudá-la é possível saber como contorná-la, inserindo cards que atrapalhem a estratégia do oponente. Esses cards são denominado Tech. Por exemplo, uma estratégia comum para barrar decks agressivos é usar cards que anulem o dano recebido, e para combater esse revés, é possível inserir um card que desconsidere a anulação do ataque.



À esquerda, um card que pode causar problemas ao deck. À direita temos um tech para contornar esse problema.

Os cards removidos do deck vão para pasta, e fora do deck, eles perdem o valor arquivístico e se tornam itens de coleção. Esses cards podem ser trocados/vendidos ou então integrarem outro deck.

Depois dessas alterações, o deck será novamente testado, e se ele alcançar bons resultados, podemos consolidar esse deck. Um deck consolidado está fechado, ele não sofrerá novas alterações. É possível elaborar uma decklist consolidada, que também não sofrerá alterações. Embora muitos jogadores não gostam de elaborar suas decklists (seja por falta de paciência para listar cada card, seja devido a alterações constantes ou por não gostar de deixar sua estratégia registrada), em torneios sancionados, o jogador não pode alterar seu deck e é obrigatória a listagem dos cards do deck que ele utilizará.

4× Emboar
3× Pignite
4× Tepig
4× Reshiram
3
× Rare Candy
1× Super Rod
2× Heavy Ball
2× Pokémon Catcher
2× Energy Search
4× Pokémon Communication
3× Switch
4× Energy Retrieval
4× Cilan
4× Professor Juniper
12× Fire Energy
4× Double Colorless Energy

Agora que conhecemos todas as minúcias do processo de criação do deck, como podemos aprimorá-lo? Não seria mais fácil usar a Tipologia Documental a seu favor e analisar as funções de cada card do deck antes de testá-lo?


REFERÊNCIAS:

ANJO, Vítor Bizinoto dos Santos. Modelagem de Processos: GAP conceitual quanto ao nível ideal de detalhamento de processo. 2009. 50 f. Monografia (Graduação em Administração) - Faculdade de Economia, Administração, Contabilidadee Ciências da Informação e Documentação, Universidade de Brasília, 2009.

BIZAGI PROCESS MODELER. Versão 3.1.0.011. [Buckinghamshire]: Bizagi Ltd, 2013. Programa de computador. Requer Windows Vista ou superior, Microsoft. NET Framework 4.0, espaço de 100 MB no disco rígido.

CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Arquivos pessoais são arquivos. Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, n. 2, p. 26-39, 2009.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Organizações e administração. In: _______. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. cap. 3. p. 89-112.

SOUZA, Natasha Alves Bêto de. [Desafio do Empoleon BREAK: rendimento do deck e dicas dos outros jogadores]. [13 nov. de 2016]. Brasília: [s.n]. Impressões do evento sediado pela Inside Games.


ILUSTRAÇÕES:

Inovadora Ágil (Card da expansão Kaladesh do Magic the Gathering).
* A citação na imagem é a mesma presente no card.


PARA CITAR ESSA POSTAGEM:

SOUZA, Natasha Alves Bêto de. Fluxo documental do deck. Brasília, 28 nov. 2016. Disponível em: <http://diplomagic-unb.blogspot.com.br/2016/11/fluxo-documental-da-criacao-do-deck.html>. Acesso em 28 nov 2016.

Um comentário:

  1. Pois é, a Tipologia Documental ajuda e muito um deck a rodar melhor, por ficar mais consistente.

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